
Provavelmente, caro Deus, já ouviu falar dos “Evangelhos Apócrifos”...
E eis que, como diria o Deus Figo, "pois que, logicamente, não?", dou por mim pensativo. Sim. Medito na paciência que é necessária para dissolver tão abaladora realidade. Digo, a paciência para escrever evangelhos é obra de verdadeiros génios. E, tal como qualquer génio que se preze, a fama só aparece depois do esqueleto estar a nú. Logo, pois que, logicamente, os génios apócrifos têm mais razões de queixa.
Meditando...
Mas que significado tem essa palavra tão estranha, cito “apócrifo”? Apócrifos são chamados os livros que apesar de atribuídos a um autor sagrado, não são aceitos como canônicos. E qual o exacto significado da palavra “canônico”? A palavra deriva de “Cânon”, que é o catálogo de Livros Sagrados admitidos pela Igreja Católica.
Sendo assim, e depois de pensar nesta clara antítese, coloco a questão: que critério a Igreja Católica utilizou para decidir se um livro, supostamente escrito por um autor sagrado, tem caráter apócrifo ou canônico?
Sendo assim, e depois de pensar nesta clara antítese, coloco a questão: que critério a Igreja Católica utilizou para decidir se um livro, supostamente escrito por um autor sagrado, tem caráter apócrifo ou canônico?
Quando exploramos realmente o assunto, assim como verdadeiros Indiana Jones, vemos que a “escolha” é feita pela fé, para não dizer conveniência. O Senhor Santo Cristo que me perdoe a heresia. Os Livros Canônicos são os livros escritos por inspiração Divina. Mas de que forma podem saber quais foram e quais não foram inspirados por Deus?
O que é ainda mais interessante neste assunto é que a própria Igreja reconhece que boa parte desses Evangelhos Apócrifos foram elaborados por autores sagrados. Por que então não são incluídos na “categoria” bíblica? E o que é mais estranho, por que foram eles perseguidos e condenados durante séculos?
Com o passar dos séculos, o termo Apócrifo foi ganhando outros significados. Na antiguidade, designavam-se por obras de uso exclusivo de seitas ou escolhas iniciáticas de mistério. Mais tarde adquiriu o significado de livro de origem duvidosa, ou, segundo o Médio Dicionário Aurélio: “Diz-se obra ou facto sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou.” Presumo que tenha sido um deus dos meus.
Com o passar dos séculos, o termo Apócrifo foi ganhando outros significados. Na antiguidade, designavam-se por obras de uso exclusivo de seitas ou escolhas iniciáticas de mistério. Mais tarde adquiriu o significado de livro de origem duvidosa, ou, segundo o Médio Dicionário Aurélio: “Diz-se obra ou facto sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou.” Presumo que tenha sido um deus dos meus.
É certo que deve ser muito difícil para a Igreja separar os textos que relatam os factos da vida e obra do mestre Jesus, dos que contam histórias sem autenticidade. Porém, a própria Instituição reconhece hoje em dia o valor de algumas destas obras, ou Evangelhos Apócrifos, os quais nos contam algumas passagens da Natividade, Infância e pregação do Avatar e sua progenitora.
Hoje, a Igreja Católica reconhece como parte da tradição, os Evangelhos Apócrifos de Tiago, Matheus, O Livro sobre a Natividade de Maria, o Evangelho de Pedro e o Armênio e Árabe da Infância de Jesus, além dos evangelhistas “aceitos”.
A maior parte destes textos apareceu nos séculos II e IV e atualmente são considerados “apócrifos”. Na realidade, a única diferença entre eles e os quatro Evangelhos Canônicos resume-se ao facto de que “não foram inspirados por Deus”.
Estes Evangelhos considerados apócrifos, foram publicados ao mesmo tempo que os que passam por canônicos, e foram recebidos com igual respeito e idêntica confiança e, ainda saliento, sendo citados preferencialmente nos primeiros séculos. Logo (adversativa), o mesmo motivo que pesa em favor da autenticidade de uns, pesa também a favor de outros. No entanto, somente quatro são aceitos “oficialmente”. Onde é que os homens, pequenos deuses, buscaram a prova de que estes últimos foram “divinamente inspirados”?
Estes Evangelhos considerados apócrifos, foram publicados ao mesmo tempo que os que passam por canônicos, e foram recebidos com igual respeito e idêntica confiança e, ainda saliento, sendo citados preferencialmente nos primeiros séculos. Logo (adversativa), o mesmo motivo que pesa em favor da autenticidade de uns, pesa também a favor de outros. No entanto, somente quatro são aceitos “oficialmente”. Onde é que os homens, pequenos deuses, buscaram a prova de que estes últimos foram “divinamente inspirados”?
Devo lembrar, como vosso deus, que como Instituição, a Igreja tem os seus erros e acertos, pois apesar de ter os olhos do Senhor que não existe, é controlada por humanos. Portanto não nos esqueçamos que os Evangelhos Apócrifos, ou não aceites, ou jogados ao lixo, assim foram rotulados por humanos como nós, que enquanto nessa condição, incorrem em erros, ou os padres e bispos estão livres de erros? Se calhar até estão.
Já dizia o mestre Manuel João Vieira, na sua sátira à Igreja: "Os Abades, têm o prazer de apresentar... Masturbação, a bem da nação..."